domingo, 12 de fevereiro de 2012

Debate: Verdade, mentira ou lenda?

6 comentários:

Santos Costa disse...

Caríssimos amigos de Palhais

Há uma questão que é pertinente resolver. Onde se encontra escrito que D. Maria Pais, dita a Ribeirinha, possuía bens em Palhais ou na zona que se denomina Ribeirinha?
Parece-me que há confusão com o apodo posto à amante de D. Sancho I, não porque tivesse o apelido Ribeiro (que não tinha); porque ela possuía bens em Grijó (concelho) e há uma teoria, que eu ajudei a espalhar através do Almanaque O Bandarra, que existia nesta região uma Grijó (que se supõe ser o actual Reboleiro).
Ribeirinha é decerto um nome apropriado para o conjunto das freguesias desta zona de Trancoso - concordo plenamente. No entanto, estude-se a sua proveniência, porventura na órbita da ribeira ou do convento de Nossa Senhora da Ribeira.
Ribeirinha, sim, porque o é; ligação a Maria Pais, duvido.
Leiam, por exemplo, a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira (volume XIX- verbete Maria Pais) ou Nobreza de Portugal e do Brasil (volume I).
Parabéns pelo blog.

Palhais disse...

Caro amigo Santos Costa; desde já agradecemos a atenção prestada ao nosso humilde blogue que sobrevive graças à persistência e carinho dos descendentes de Palhais e amantes da terra.
Quanto à sua pergunta e legítima dúvida, temos que lembrar o facto de na história ou “teorias” que vem nas enciclopédias e demais bases da escrita (uma vez que são elaboradas por pessoas), haver muitas verdades, muitas mentiras e muitas mentiras que se tornaram verdades…, e quem melhor que o Sr. Santos Costa para entender esse facto, pois, e tal como diz: “ teoria que eu ajudei a espalhar”, e dos ditos populares: “quem conta um conto, acrescenta um ponto”, e ainda “cada um puxa a brasa à sua sardinha”… o que se conclui que não são mais que especulações, pois nenhum de nós lá esteve para garantir a sua efectiva veracidade e que vai tomando forma muitas vezes pelos interesses que daí possam advir.
Para satisfazer a sua curiosidade, em relação à pergunta: “Onde se encontra escrito que D. Maria Pais, dita a Ribeirinha, possuía bens em Palhais ou na zona que se denomina Ribeirinha?”
A resposta, está em parte, no seguinte endereço: http://beiramedieval.blogspot.com/2005/10/palhais-trancoso.html, que, por mais caricato que possa parecer teve como fonte: a “Breve Monografia de Trancoso” de “Santos Costa”, que segundo temos conhecimento, e se não estamos em erro, é o autor desta pergunta. Ora, se o próprio autor questiona a própria tese, a validade da mesma fica em causa.
Perante este cenário, e tendo a certeza que esta não é a história que mais interessa aos leitores (felizmente, a riqueza e diversidade de informação relativa a Palhais é grande), sendo esta apenas mais uma ”lenda”, “teoria” ou “conto popular”, que pode ser contada à lareira, censurada por quem deseje, ou investigada por quem se interesse, decidimos transportar a informação da coluna lateral direita para esta página para lançamos aqui o desafio a quem tiver mais conhecimentos sobre este assunto e nos possa esclarecer.

“Palhais”
“Situada a 14Km de Trancoso (sede do concelho), Palhais é uma povoação que existe desde D. Afonso Henriques. “Dizem estar ligada ao filho D. Sancho, a partir do momento em que ofereceu à sua amante (D. Maria Pais Ribeiro a célebre “Ribeirinha”) as terras do vale do rio Paul (Palhais, Reboleiro, Corças e Sebadelhe da Serra) passando a ser chamado ao conjunto destas terras de “Ribeirinha”.

VERDADE, MENTIRA OU LENDA?

Santos Costa disse...

Caríssimos Amigos, autores do do blog

De facto, a teoria da Ribeirinha - dita Maria Pais, que era conhecida como Maria Pais da "Ribeirinha" - foi também espalhada por mim (não só na Breve Monografia como no Almanaque), o que não quer dizer que não esteja errada. Também a professora Irene Avilez, na sua monografia de Trancoso vem referir a mesma coisa.
Ora, nem eu nem ela, citamos a fonte, o que quer dizer que, perante bibliografia omissa, escrevemos "por ouvir dizer".
Também não afirmo categoricamente que a Maria Pais não fosse donatária das terras que envolvem Palhais, Reboleiro e Sebadelhe, se bem que, até ao séc. XVIII, estas freguesias pertenciam ao termo de Sernancelhe e, mais concretamente, à Ordem de Malta, através de Comenda.
A confusão saiu muito despropositadamente devido ao termo "Grijó", o qual, provindo do vocábulo eclesia (igreja) derivou de eclesiola (igrejinha) e alguém - presumo que foi o historiador Afonso Zúquete, colaborador da enciclopédia - encontrou um documento muito antigo que referia Palhais, Vale de Corças, Vilar Seco e Grijó, sem mencionar Reboleiro. O enciclopedista alvitrou que Grijó seria o nome antigo de Reboleiro e daí, a confusão com a outra Grijó (Vila Nova de Gaia), esta sim, onde Maria Pais era donatária de bens doados pelo amante real e onde repousam alguns dos seus. O documento diz "Ecclesia in villa quos vocicatur Ecclesiola".
Mas em Portugal havia muitas igrejas pequenas (ecclesiolas) e não se conhecem senão três com este topónimo adulterado: a dita de Vila Nova de Gaia, Grijó de Parada (Bragança) e Grijó de Valbenfeito (Macedo de Cavaleiros).
Para já, fiquemos com todas as hipóteses, até prova documental que reforce uma delas.
Uma coisa vos prometo: é verificar o que houver sobre o assunto, na Torre do Tombo. Até porque, no meu romance "O Padre Costa de Trancoso", na página 25, coloco um filho da "Ribeirinha" como proprietário em Vila Franca do Conde (actual Vila Franca das Naves) e aí afirmo, porquanto se trate de ficção, que Maria Pais tinha propriedades em Trancoso e Moreira, que as passou à filha legítima D. Teresa, conhecida por dama "das coxas quentes" (filha legítima por ser do casamento com o marido legítimo da Maria Pais, um tal D. João Fernandes, dito de Limia). E isto corresponde a um facto histórico.
Ora, se a D. Teresa, filha da "Ribeirinha" doou, ao Mosteiro de Salzedas, Vila Franca do Conde e Bouça Cova, decerto que a rica dama sua mãe teria bens por estas terras.
Não desanime o autor ou autora do blog, porque, para além da verdade histórica, eu pugno por tudo aquilo que eleve Trancoso e o seu concelho. E repito: essa é e será sempre designada por mim como Ribeirinha, quer tenha sido de maria Pais ou de outra pessoa qualquer.
Finalmente, não tratem por "humilde" este blog, pois ele representa o esforço de quem ama e se dedica à sua terra (como eu o faço com o blog de Valdujo, de onde é minha mulher); e esse esforço, aliado à harmonia e gratificante qualidades dos seus "posts", merece de mim, de todos nós, toda a consideração.

Palhais disse...

Quando andávamos a pesquisar na internet sobre Palhais, lembrámo-nos de verificar se havia alguma informação disponível, proveniente da Torre do Tombo. Encontrámos digitalizações de manuscritos, mas apenas conseguimos perceber algumas palavras. Esperamos que tenham mais sorte ao vivo.
Por partilhar os conhecimentos connosco, Bem-haja!
Volte sempre!

Santos Costa disse...

Caríssimos
Um dos documentos que se encontram disponíveis na net diz respeito às memórias paroquiais do séc. XVIII (1758), escrito pelo padre (Cura) de Palhais de então, José Diogo.
A propósito, reproduzo uma das suas respostas ao inquérito, quando ele refere a capela de Nossa Senhora da Ribeira, cuja importância era significativa.
Vejamos o que ele diz:
" A esta Ermida (Nossa Senhora da Ribeira, dia da Ascensão vem de romagem a Câmara da vila de Trancoso e a Câmara da vila de Aguiar da Beira e a Câmara da vila de Carapito (que então era concelho) e vêm mais a cumprir seus votos em dias de Ladainhas a mesma freguesia de Palhais e a do lugar de Reboleiro e a do Lugar de Sebadelhe e a do lugar de Rio de Mel que é do bispado da cidade de Viseu".
Muito me apraz dar ênfase a este pormenor.
Até breve.

Palhais disse...

Mais uma vez, os nossos agradecimentos pelas informações sempre bem-vindas sobre a nossa terra!
Volte sempre!
Até à vista!